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Você é um pai presente? Te convidamos para refletir sobre esse papel

  • Foto do escritor: Carlos Antonio
    Carlos Antonio
  • 13 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura

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Chegou o seu final de semana, pai!

Dia de encher o peito e dizer ‘não’ para aquele baba corriqueiro com os amigos, passar o final de semana dos pais todinho com seu filho, dando tudo o que o rebento quer, publicando diversas fotos maravilhosas com ele no Instagram (vários likes), com direito a textão e tudo. No final da tarde de domingo, devolve o filho para aquela mãe chata que só faz reclamar da vida e não faz as vontades da criança. Pronto. Aquele paizão volta a viver sua rotina de solteirão pagador de pensão.


Ou, se casado, retoma a sua figura paterna restrita de sustentar a casa e trabalhar. De pai para pai? Apenas pare, bicho. É preciso, com urgência, reinventar sua paternidade.


O papo já começa errado quando um pai diz que “ajuda” na criação do filho. A criança não precisa de ajudante de pedreiro, mas de uma criação conjunta e participativa do pai e da mãe. Pensar que a única obrigação da figura paterna é pagar as contas e sustentar as crias. É uma conduta machista ultrapassada. No passado, este conceito até poderia ser admitido pela sociedade, mas a necessidade de participação afetiva é crucial para o desenvolvimento e bem estar do filho, da mãe e de uma sociedade que adoece sem a presença paterna. Afinal, o que é ser um pai nos tempos atuais?


“Do ponto de vista psicológico, ser pai não é apenas gerar, pois esse é o genitor. Ser pai é cuidar, estar presente, contribuir com o desenvolvimento do filho. Existem pessoas que fazem o papel de genitor, mas não de pai. Pai é inspirar, acompanhar, contribuir, fazer a diferença, preparar o filho para a vida”, disse Alison Ribeiro, professor de psicologia da Unesulbahia e coordenador da Eduque Emoções - Programa de Educação Emocional.

Para o psicólogo, cada atitude ausente de um pai gera um verdadeiro efeito borboleta, onde um simples bater de asa do bichinho no Brasil pode ocasionar um tornado do outro lado do mundo. No nosso caso, cada atitude nociva do pai leva a consequências desastrosas para o filho, mãe e toda sociedade. É a teoria do caos na sua essência.


“Uma das principais queixas que escuto de adolescentes dentro do consultório é a falta da figura paterna. Vejo a diferença na formação do self (do eu, da personalidade). Não basta ter essa figura paterna. O pai precisa saber como conduzir esse processo de educação dos filhos. É possível estar ausente, mesmo estando presente, pois não falamos apenas de uma presença geográfica, mas sim uma presença afetiva por parte dos pais”, revela Alison, que também fala sobre a sobrecarga na mãe.

“Uma mãe que não tem essa parceria no cuidado tende a sofrer com estresse, cansaço extremo e ansiedade, por muitas vezes assumir, sozinha, tantas responsabilidades que poderiam ser divididas. Isso pode trazer prejuízos ainda mais graves à saúde dessa mãe”,

completa. Junte isso ao fato de sermos um país com 11 milhões de mães solo (dados do IBGE), que criam seus filhos sem a presença paterna. Resumindo, são mulheres que assumiram os filhos sozinhas, cuidando dos três pilares da criação de uma criança: financeira, psicológica e social. Sem a presença do pai, esta mãe precisa fazer malabarismo para manter tudo isto e ainda a sanidade própria.


Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Locomotiva, 35% das mães solo não tiveram renda suficiente para comprar alimentos. Isto em 2020, viu. Durante a pandemia, o mesmo instituto apontou que 8 em cada 10 mães solo tiveram a renda doméstica reduzida por conta da Covid-19. É meio óbvio. Sem a figura do pai, a mãe precisa cuidar dos filhos e trabalhar. É justamente o efeito borboleta. Se o pai passasse a cuidar efetivamente da criança, participando da criação e dividindo as tarefas de igual para igual, dava para todo mundo viver sem tanto peso nas costas. Casados ou não.


“Minha filha tem 8 anos e já estamos separados há três [do marido]. Ele está malhado, vai para a balada e tem uma relação estável. Eu estou barriguda, cansada e não consigo estabelecer uma relação com ninguém. Ele até paga pensão, mas só fica com a filha nos finais de semana, e olhe lá. Vive postando fotos dela, um paizão para todos. um Não dá mais para achar que pai é quem sustenta. Pai é quem participa, que está lá o tempo todo também. Se ele fosse menos pai de Instagram e mais participativo, eu também estava gostosa e namorando. O que é ser um bom pai? Para mim, é pensar naquela história: a mãe não ‘fez’ sozinha”, disse uma mãe, que pediu anonimato.

Matéria do Correio da Bahia


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